Un tesoro encontrado en la red:
que eu conheci ontem) de José Clemente Orozco, uma das peças da tríade do muralismo mexicano.
A exposição "Poemario" que se encontra na Pinacoteca da Estação é composta de algumas telas, litogravuras, desenhos e esboços do pintor mexicano.
De maneira geral, observa-se que a pintura de Orozco assumia a perspectiva dos povos oprimidos. Nela encontram-se bem demarcadas as diferenças sociais do seu México _ na realidade, da América Latina ou dos povos subdesenvolvidos. Claro, que alguns quadros revelam um aspecto místico, mas mesmo estes não se desligam desse caráter político.
Outro ponto, é na própria composição: traços, pinceladas e até mesmo alguns materiais e técnicas utilizadas ajudam a configurar a força da obra. Assim, é notável uma convergência entre conteúdo e forma. Pelo menos pra mim isso é válido: as litografias, principalmente mas não somente elas, são capazes de conferir maior expressão à obra _ não foi à toa que os expressionistas alemães usaram e abusaram da fórmula.
Desse modo, o que se vê nas pinturas de Orozco é a dor, a desolação, a tragédia (a litografia de uma mulher, pra mim, uma mãe, com as mãos tampando seu rosto é fortíssima nesse sentido).
"A casa branca" e o "Menino Morto" (esse lembra muito "O enterro da criança morta" do Portinari) também revelam esse drama. No primeiro, o que se vê é uma escuridão profunda e dois seres assustados em fuga.
Em outra litografia, denominada "Massas" estão milhares de pessoas, com as bocas sobressalentes. Bocas famintas, bocas manipuláveis? Que bocas seriam essas? O que elas estariam pedindo? Será que hoje não temos bocas assim, esperando? As veias continuam abertas e o sangue escorrendo.
Por último, a litografia "Turistas". De cima, turistas: elegantes, bem vestidos, portando binóculos para enxergar melhor o povo exótico e pitoresco que está na sua frente. Este povo exótico, faminto, miserável, pitoresco com seu cocar e o seu crucifixo. O cocar e o crucifixo... mais emblemático impossível... Triste!
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"Uma pintura é um poema e nada mais.
Um poema feito de relações entre formas, como outras categorias de poemas
são feitas de relações entre palavras, sons ou idéias.
A escultura e arquitetura são também relações entre formas.
Esta palavra forma inclui cor, tom, proporção, linha, etc."
José Clemente Orozco